quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Trechos de Cecília Meireles

"Levai-me aonde quiserdes! - aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira."

"E o sorriso de uma alegria que eu não tive, mas te dava."

"Tudo em ti era uma ausência que se demorava: uma despedida pronta a cumprir-se. Sentindo-o, cobria minhas lágrimas com um riso doido. Agora, tenho medo que não visses o que havia por detrás dele. Aqui está meu rosto verdadeiro, (...) dize-me qual de nós morreu mais."

"Não sofras, por não te poderes levantar do abismo em que te reclinas: não sofras, também, se um pouco de choro se debruça nos meus olhos, procurando-te. (...) Foi lição tua chorar pouco, para sofrer mais."

"Não sofras por teres vindo. Alguém nos mandou de longe para ver como ficava um rosto humano banhado de desilusão. (...) Iremos a outros lugares, onde talvez haja tempo, misericórdia, viventes, amor, ocasião."

"O tempo seca a beleza, seca o amor, seca as palavras. (...) O tempo seca a saudade, seca as lembranças e as lágrimas. Deixa algum retrato, apenas, vagando seco e vazio. (...) O tempo seca o desejo e suas velhas batalhas. (...) Esperarei pelo tempo com suas conquistas áridas. Esperarei que te seque."

"Meus olhos, ricos de amor, sofriam de indiferença."

"Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explicar, e ninguém que não entenda!"

"De longe te hei de amar, - da tranquila distância em que o amor é saudade e o desejo, constância. (...) De um salto firme e tremendo, - tão de além! - chega-se onde estou vivendo sem ninguém. Gostava de estar contigo: mas fugi. Hoje, o que sonho, consigo, já sem ti. Verei, como quem sempre ama, que te vais. Não se volta, não se chama nunca mais. (...) Se perguntam como vivo? - De adeus."

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