sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Paulo Coelho

Durante anos eu lutara contra meu coração, porque tinha medo da tristeza, do sofrimento, do abandono. Sempre soubera que o verdadeiro amor estava acima de tudo isto, e que era melhor morrer do que deixar de amar. Mas achava que apenas os outros tinham coragem. E agora, neste momento, descobria que eu também era capaz. Mesmo que significasse partida, solidão, tristeza, o amor valia cada centavo do seu preço.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Estação primavera

 Esta não é a plataforma de embarque 
Porque a viagem começa bem antes, 
Mas é a primeira estação de passagem 
Para a descoberta final de si mesmo.
Não há bilhete que indique o destino, 
Nem placa, nem guia, nem mão, nem ensino. 
A estrada exige somente coragem, 
Difícil traçado do próprio caminho.
O tempo é de sobra e a existência contínua. 
Espelhos não mostram o percurso dos anos. 
O prazer da aventura e a paixão pela vida 
Sustentam ilusões e compensam enganos.
Para o corpo entregue à emoção timoneira 
O horizonte mais amplo é frágil fronteira. 
Tudo é passível de um gesto mais longe. 
Tudo é possível de um novo começo.
O vento de popa estilhaça correntes: 
Antigas amarras de afagos paternos, 
Trilhas seguras em mapas eternos, 
Palavras visíveis ao som de um olhar.
Nada resiste à invenção do momento. 
Ser é um saber que respira no peito. 
Dor é o sabor de um encanto desfeito. 
Amar é saber o sabor de um cheiro.
A alegria se colhe na mão companheira, 
A solidão se semeia à beira do amor.


Carlos Queiroz Telles


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013


Paira,
Sobre o espelho dos meus olhos
Sem ser escrava dos meus sonhos
Esteja livre pra voar
Olha,
Estou sem jeito e peço pouco
Deixa eu me ver pelo teu rosto
E ao menos te tocar
Sei que eu, não sou o tal
Mas fazes pouco caso de mim
Encontrarás o mal sem pouco fazer
Basta olhar o céu
Se um dia, enfim
Compreenderes o que trago no olhar
Essas janelas que refletem além
Do teu gosto de ser


Quanto mais rosas eu planto, mais espinhos colho. Meu corpo marcado, ferido, rasgado pede arrego, mas, inexplicavelmente, tem forças para continuar. Eis que parei de plantá-las, corto pela raiz, novas flores surgirão. Aquelas que brotam do concreto.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Tenho me perguntado o que muda ou o que faz mudar um sentimento tão forte da noite para o dia. Ante a isso, por inúmeras vezes, não deixamos a razão operar e é aí que se encontram as grandes decepções. Já não sei em quantos pedaços me desfiz e continuo me desfazendo, parece infinita essa sensação de dor e sofrimento. O ser humano se contradiz mais a cada dia, e em todos esses dias vejo o egoísmo vencendo. Individualistas. Todos tão egocêntricos. Fatores tão importantes estão sendo descartados, já não há mais em quem confiar ou como confiar. Estamos todos sujeitos ao erro, mas as buscas pelo acerto têm deixado de existir. Todos, de uma única vez, resolveram pisar em ovos e jogar tudo para o ar. Sinto-me sozinha outra vez e o meu corpo não tem domínio sob si mesmo. Minha mente louca e fadada ao fracasso tem determinado todos os meus movimentos, além de me ofertar algumas doenças. Talvez elas só demonstrem de como preciso ser cuidada, da falta que tem me feito o carinho e a atenção. E apesar de tudo, vejo que a vida tem sido generosa comigo, porém eu só quero deixar de vivê-la. Não sei mais enfrentá-la e já nem vivo mais, é só uma alma morta num corpo vivo. E que vida, meu Deus, que vida... Tentei esconder, mas não sei ser forte, esqueci como se faz. Virei uma pedra, um obstáculo no meio do caminho. Uma pedra que chora, se desintegra.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Paz e mal

"E diz que só queria descansar de quem a gente mesmo escolheu ser."
Não há quem dure em boa essência quando as pessoas abusam, exploram e se escalam em cima disso. Cansei. Agora vou ser má, muito má. Aos amigos, a desimportância e insensibilidade. Aos canalhas, o desprezo e aversão. Ao mundo em geral, meu vômito e rebeldia. Mudei. Agora esmago e pisoteio os corações. É o meu jeito de fugir do azar. Não me apaixono mais, não sinto nada. Sou feita de pedra, bate que volta, e cuidado para não se machucar. Descartei todos da lista de quem estava comigo, agora estou inteiramente sozinha, desta forma evito que me atropelem. Só peço paz, aos outros desejo o mal. Um beijo.

Rumo incerto azul escuro

Quem diz te amar, na verdade nunca amou. Quem dizia, deixou. Quem dirá, você não vê nem faz questão de olhar. Se prender resulta em desconhecer, em doer o que já dói mais o que se pode perder. Desacorrentar-se desse peso inútil que não sabe se fica ou se vai, dói, mas dói menos porque só dói uma vez, só dói o que se perde e mais nada, pois muito mais se tem a ganhar. Vamos esquecer que o mundo anda feio e complicado. Olhemos o céu azul, o passo firme e rumo certo a lugar algum.