quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Caio F. de Abreu


Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Estrada sem mapa

Nos enganamos muito facilmente, as esquinas traiçoeiras nos levando a becos sem saída, ruas largas demais nos deixando sem calçada, levando a morte exata do coração esburacado. Vou passando assim mesmo, já estive por essas bandas antes, reconheço a paisagem cinzenta, só perdi o mapa que volta ou segue em frente. Já vi esse meio-termo da vida que deixa a dúvida: céu estrelado com um luar de tirar o fôlego e a estrada sôfrega, cheia de arranha-céus e buracos profundos e muralhas e prisões. Não sei em qual rua entrar, parece que já estive por todas elas, mas sei que ainda faltam muitas a percorrer, não tenho medo, sigo incessantemente atrás daquele maldito arco-íris que me prometeu a paz. Acho que fui enganada, mais uma vez, sendo que dessa vez por algo que eu nem sabia que tinha esse poder. É você mesma, querida esperança, achei que percorrendo teu beco novamente acharia o rumo pra sair desse círculo, mas você fechou a rua, interditou minha passagem, disse que estava desgastada demais para as solas dos meus sapatos. Acho que o mal são as lembranças. Ninguém as quer comigo, parece que quanto mais insisto em seguir atravessando, mais obstáculos me aparecem. Lembranças que tenho de deixar pra trás para conseguir outras, num jogo de leva-e-trás. Depois as recupero, e assim as terei sorrindo, todas elas. No momento, são os meus maiores males, essas lembranças. Estou guardando-as na caixinha. Agindo de acordo com a batida da vida. E se tiver de ser, que seja. Um beijo.

sábado, 15 de outubro de 2011

Adele

Adele - Take it all


Adele - He won't go


Adele - Now and then

Todas me definem, falam um pouco daquilo que eu não tive a capacidade de expressar.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Em frente, sempre.

Não, não me venha com nada que não seja real. Não me encha com pormenores falsos e expectativas ilusórias. Não chegue perto, não vire o rosto, simplesmente não olhe, não me veja, nem me reconheça. O ano está acabando enfim, daqui a pouco teremos um novo recomeço e só vou desejar coisas boas, em especial, que não te encontre nunca mais na vida. Quem sabe eu me apaixone de novo, quem sabe eu só precise passar um tempo da minha vida me amando e esquecendo qualquer aproximação que venha a derreter o coração. Desejarei um sol tão forte que apague as lembranças; uma lua cada vez mais bela que me tire a solidão com palavras sussurrantes e doces que dizem algo como: 'tudo ficará bem, nada será do jeito que já foi um dia. Ficar sozinha não é ser. Me leve com você'. E eu só terei motivos para sorrir, porque você... ah, velho amigo, você passou como uma brisa leve que beija meu rosto e vai embora. Você apareceu, mas não ficou o suficiente pra me mostrar que quaisquer mudanças futuras sejam fruto de um amor fracassado. Você só chegou pra mostrar um lado da vida que eu ainda não havia visto, e foi embora. Nada muito diferente, só um novo rosto enchendo uma vida de mentiras. É, velho amigo, já estive aqui antes. Até nunca mais. Estou lhe desejando boas decepções, para que você possa crescer encima desses teus erros trágicos. Sim, velho amigo, estou partindo dessa pra melhor. Obrigada.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Diálogo

- Maria, tô triste.
- Ah, claro, você dificilmente é o único. Experimenta passar pelo o que eu passei três vezes seguidas e vem falar comigo.
- (risos) Tu não tem sorte no amor, a verdade é essa...
- É. O que eu posso fazer...?
- Ah, procura outros meios, outros rostos. Pessoas diferentes das que tu já esteve.
- (gargalhadas estrondosas) Antes fosse assim, quem dera eu pudesse simplesmente escolher.
- E se não escolhe, é o que então?
- Aparece. Encontros por acaso. 
- (risadas) Aparece? Saiu, achou, e CABUM? É esse?
- Não, seu bobo. Não mandamos no que sentimos. Não posso escolher por quem deveria gostar. Simplesmente é assim que funciona, não escolho, aparece, e pronto, estou no caminho perdido do amor. Não tenho nada a fazer a respeito... Ah, se eu pudesse só escolher...
- É... 
- Preciso que, dessa vez, seja alguém que valha a pena.
- E os outros, não foram? Afinal, este último foi o melhorzinho, não é?
- Foram, mas estou um tanto cansada dos estragos do final. Em partes, foi, mas sobre gostar de mim, não. O anterior, esse sim, permanece sendo o que amou, o que esteve presente e estaria apto a estar de novo.
- Então, tu voltaria pra ele se tivesse a oportunidade?
- Claro, correndo... Mas ainda assim, são muitos os empecilhos. Nada a se fazer, só viver. E um dia, CABUM, aparece alguém novo ou alguém que volta. Sinceramente, não me importarei se for pra deixar um buraco negro no meu coração de novo, to aqui pra isso mesmo, pra viver. Sorrindo, chorando. Pulando, caindo. O que tiver aí pra mim, to aceitando. De muito bom grado, por sinal.

Dois irmãos conversando...

terça-feira, 11 de outubro de 2011


"(...) Claro que você não tem culpa, coração, caímos exatamente na mesma ratoeira, a única diferença é que você pensa que pode escapar, e eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodka, me passa o cigarro, não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca nem bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma outra saída. (...) Não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais destrutiva que insistir sem fé nenhuma?”

Caio Fernando de Abreu

Rumo novo

Pago um preço alto por ser diferente, por não ter medo de dizer o que penso. Não camuflo minhas opiniões, muito menos meus erros. Não me escondo atrás da superficialidade - a intensidade me atrai. Estou me distanciando desses caminhos repletos de coisas falsas, cansei de bater a cara contra a parede. Estou mudando de direção, seguindo um rumo novo onde encontro pessoas que merecem ser observadas, que irradiam sinceridade, mantendo a lealdade. Estou no fogo ardente do sol, com a vista ofuscada de tantas coisas novas a serem seguidas. Deixo o passado em seu lugar, rasguei da minha vida a tal história perdida, sem final. Congelei o coração, estou fria até aonde o vento não chega. Ninguém entra mais por essa porta, estou maltratando quem tenta, iludindo os olhos de quem jura que vê beleza aqui, não quero machucar ninguém, mas se insistir, vou reprimir, cortar pela raiz. Ninguém mais me domina nem me possui, a não ser eu mesma.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Vês? Me conheces...

Tens sido pra mim mais do que eu esperava, fazes mais do que eu sequer imaginei que alguém pudesse fazer. Não tens desistido das minhas loucuras nem mesmo quando eu te rejeito, te ignoro, esqueço. Permanece aceso na minha vida como sol no universo, nem sequer pensa no depois, só quer me ajudar a sair do agora, pois vê em mim mais do que qualquer outra pessoa tentou ou ousou ver. Não usamos clichê algum, não somos um, somos alguma coisa muito estranha e unida, sem precisar de frases prontas. Às vezes, uma mensagem que nada diz pra alguém diz tudo pra ti, descobre até o olhar e sorriso que está preso a minha face. Você me conhece, qualquer outro não, tens nas mãos o mapa exato com suas devidas descrições daquilo que sou, você sim, me conhece.

Diferente de você...

Diferente de você, ele não vai embora. Ele não desistiu, e perceba que não há amor sobre nenhuma das partes, mesmo assim ele não desiste de mim. Diferente de você, ele me vê, me conhece, e me mantém perto. Ele me acolhe, me deixa chorar e enxuga as lágrimas que não se seguram e se jogam no abismo, ele permanece, diferente de você... Ele está aqui, sabe do que eu preciso e mesmo sem saber, faz. Não me retém, não exclui, não me deixa de escanteio, não briga por um olhar triste que deixo escapar. Diferente de você que pisoteia tudo meu que se encontra no teu caminho.