segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Estrada sem mapa

Nos enganamos muito facilmente, as esquinas traiçoeiras nos levando a becos sem saída, ruas largas demais nos deixando sem calçada, levando a morte exata do coração esburacado. Vou passando assim mesmo, já estive por essas bandas antes, reconheço a paisagem cinzenta, só perdi o mapa que volta ou segue em frente. Já vi esse meio-termo da vida que deixa a dúvida: céu estrelado com um luar de tirar o fôlego e a estrada sôfrega, cheia de arranha-céus e buracos profundos e muralhas e prisões. Não sei em qual rua entrar, parece que já estive por todas elas, mas sei que ainda faltam muitas a percorrer, não tenho medo, sigo incessantemente atrás daquele maldito arco-íris que me prometeu a paz. Acho que fui enganada, mais uma vez, sendo que dessa vez por algo que eu nem sabia que tinha esse poder. É você mesma, querida esperança, achei que percorrendo teu beco novamente acharia o rumo pra sair desse círculo, mas você fechou a rua, interditou minha passagem, disse que estava desgastada demais para as solas dos meus sapatos. Acho que o mal são as lembranças. Ninguém as quer comigo, parece que quanto mais insisto em seguir atravessando, mais obstáculos me aparecem. Lembranças que tenho de deixar pra trás para conseguir outras, num jogo de leva-e-trás. Depois as recupero, e assim as terei sorrindo, todas elas. No momento, são os meus maiores males, essas lembranças. Estou guardando-as na caixinha. Agindo de acordo com a batida da vida. E se tiver de ser, que seja. Um beijo.

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