domingo, 30 de janeiro de 2011

Querer, não mais que isso

Eu quero conversar com você, como raramente fizemos. Quero te olhar fundo nos olhos e dizer todas essas loucuras que se passam aqui por dentro. Quero ter você ao meu lado por mais um momento, porque você me tratava como alguém que amava e não como algo de comer. Quero você pra me abraçar quando o mundo estiver errado demais pra mim, quero seus olhares para me mostrarem a beleza que eu já não posso mais enxergar. Quero seus sorrisos para que iluminem meu caminho já tão obscurecido por essa tristeza que não me abandona nunca. Eu quero, meu Deus, como eu quero! Quero tudo. Quero nada. Mas quero você. Aqui. Sem nada que nos impeça de fazermos o que queremos, pois eu quero, quero muito. Quero que essas chantagens, vinganças e proibições sejam reclusas a uma realidade longe da nossa. Quero amor. Mas eu quero o seu amor. Não outros, não aqueles que já tive. Quero o seu porque é do seu que eu ainda não me desfiz, mesmo que ainda não tenha me desfeito de alguns outros. Quero a tua paciência, meu amor, eu quero. Quero tua calma, tua paz. Quero apenas o teu amor. Mas eu não o quero distante, como ele está. Quero ele aqui pertinho, se aconchegando no meu peito denso mas ainda assim tão vazio. Quero tudo o que te diz respeito, até mesmo o que eu não quero. Já que não podemos ter tudo o que queremos, ou nada do que queremos, então eu aceito o teu tudo e o que não me apetece, mas se eu tiver, tudo bem, eu quero. Quero você completo, inteiro, com tudo aquilo que não me agrada, e aquilo que me satisfaz. Quero, quero mais do que eu possa querer, e ninguém te quer mais do que eu.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Loucos x Normais

Eu não sei bem o que queremos dizer com “loucos” e “normais”. Acho que ou somos todos loucos, ou todos normais. Se alguém é certo demais, organizado demais, meticulosamente “perfeito” é louco, mas mesmo que alguém seja desorganizado demais, os chamados propriamente loucos são loucos. Mas há quem seja um pouco dos dois, que viva um meio-termo da vida, então são o que? Normais? Eu acredito que sejam duplamente loucos ou duplamente normais. Não sei. Qual a diferença, afinal?

terça-feira, 25 de janeiro de 2011


Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza, deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim que és…

Caio Fernando de Abreu

sábado, 22 de janeiro de 2011

Falta

Sim, eu sinto sua falta. Da tua diversão ser minha, porque era eu que fazia você se divertir. Das tuas gargalhadas, já que eu era motivo de maioria delas e podia desfrutar deste som gutural que resplandecia tua alegria. Dos teus olhares, que me buscavam em qualquer lugar, momento e cor. Das tuas mãos, que buscavam meu corpo a procura de prazer e paz, conforto e descanso, pois eu era o teu repouso, o teu porto, onde tu guardavas teus segredos, senão todos, os suficientes. Do teu corpo, todo, desde a pontinha do dedão do pé até o último fio de teus cabelos, que me acolhiam em qualquer que seja os meus momentos. Sinto falta de cada detalhe, de como você me irritava sem nem fazer ideia do que tinha me magoado, de como me fazia rir de tudo por tudo com você. Mas eu sinto tanto, tanto a sua falta, pois é só o que me resta sentir. Não posso mais te amar e nem esperar que um dia possamos ficar juntos novamente. Não posso depositar esperanças numa história que definitivamente foi proibida de acontecer ou de continuar acontecendo. Não posso sequer lembrar, pensar, ou sentir. Mas a saudade e a falta eu não poderia deixar, desde que você se foi olhando pra trás. Não poderia deixar de sentir esse aperto no coração quando me lembro de tua voz aos meus ouvidos, sussurrando calmamente o quanto me amava e o quanto eu era linda aos seus olhos. Ou até mesmo dessa tua paciência infindável que teve fim mas logo voltou, a qual eu tanto invejei e a desperdicei te irritando, só pra provar que você não era tão paciente assim e que eu podia ser louca como for, mas nós dispúnhamos da mesma falta, falta de paciência, pelo menos um com o outro, ou quando eu abusei tanto que você estourou e me empurrou com força, mas eu corri e te apertei com força junto ao meu peito porque você não podia me deixar sozinha vendo o mundo girar. Não podia. Mas fez. Olhou-me distante e me deixou. Então voltou, como sempre fazíamos um com o outro. Eu cometendo os meus erros, você indo e vindo. Você cometendo os seus tão bem escondidos e disfarçados que eu só podia sofrer de culpa e remorso. Mas eu sinto falta de não saber de nada disso e só te amar e ver teu sorriso quando eu fazia algo indecente dizendo que te amava. Você amava minha beleza e meu jeito eloquente, minha inteligência e minha paixão por leitura. Enquanto eu amava esse teu sorriso enorme e o jeito o qual você me tratava, tão único, tão diferente de tudo o que eu tinha provado que nem me dei conta do que tu escondias sob cada gesto. Mas eu amava, e continuei amando sem poder deixar de fazê-lo. Porque eu sinto sua falta, eu senti desde o momento em que você disse que era melhor para nós dois, mas não foi, e voltou. Depois eu tive que ir. Fui embora porque você me abandonou primeiro. Mas eu ia ficar, eu juro que eu ia voltar. Mas não pude, fui proibida como você também foi. Nosso romance, nossa história tão curta e tão grande, foi cortada e deixada com suas reticências, enquanto nós tentamos continuar, cada um no seu canto, buscando seus sorrisos, seus divertimentos, e sua forma de esquecer. Mas, claro, sem esquecer e deixar de sentir a falta. Inevitável. Como eu e você separados, inevitável…

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Diga não aos covardes

Um brinde aos passos minúsculos desses seres rastejantes. Andam na velocidade de uma boa notícia quando a ansiedade já extrapolou a lógica da espera. 
Chega de meias bocas pra preencher profundos vazios. Meias bocas para beijar entradas inteiras. Meios beijos de respeito na testa. Meias palavras para dizer alguma coisa que, feita a análise fria, nada querem dizer. 
Intenções soltas e desejos desconexos. Esse mistério todo é uma violência contra a minha inteligência. Sejamos diretos para não sermos idiotas: eu te quero. Você me quer? Não sabe? Ah, então vá pra puta que te pariu. (E vá ser vago na casa da sua mãe porque embaixo da sua manga eu não fico mais!) 
Este rebolado colorido que descola de seu cenário pastel, vem de meu ventre. Livre. Portanto não tente me escravizar, nem com promessas, intelectualidades, ou uma pegada daquelas. 
Este rebolado é quase que instintivo, meu jeito, nada sutil, apesar de ser essa a intenção, de te mostrar que há chances de ultrapassagem. 
Seja inteligente, faça jus à espécie, seja Sapiens. Perceba o sinal verde, ultrapasse. 
Não sabe se quer acelerar o motorzinho? Então vá treinar com uma boneca, uma revista, uma prima, a chata da sua mulher, a sem-sal da sua namorada ou o raio que os parta todos os mornos. 
Eu não sou morna e, se você não quiser se queimar, morra na temperatura do vômito. E bem longe de mim. 
Ou venha me ajudar a ferver essa banheira. Vamos ficar cegos de vapor e vermelhos de vida. É sangue que corre nos meus sentimentos e não o enjôo morno de uma vida que se vai empurrando com a barriga. 
Barriga que vai crescer no sofá imundo dos acomodados. 
Eu ainda quero muito. Quero as três da manhã de um sábado e não as sete da tarde de uma quarta. Vamos viver uma história de verdade ou vou ter que te mandar pastar com outras vaquinhas? 
Docinho vá fazer pra quem gosta de lamber o seu cuzinho, porque aqui nessa boquinha só entra cher nourriture . Vá contar esse seu papinho de "Hey, you never know" pra quem conta com a sorte e sabe esperar. A sorte é sua de ser amado por mim e eu quero agora, ontem, semana passada. 
Amanhã não sei mais das minhas prioridades: posso querer dormir com pijama de criança até meio-dia, pagar 500 reais numa saia amarela, comer bicho-de-pé no Amor aos Pedaços ou quem sabe dar para o seu chefe em cima da mesa dele. 
Minha vontade de ser feliz é como a sua de gozar. E se eu te iludisse de tesão e levantasse rápido para retornar a minha vida? Você continuaria se fodendo sozinho para fugir da dor: é assim que vivo, masturbando minha mente de sonhos para tentar sugar alguma realização. É assim que vivo: me fodendo. 
Chega de ser metade aquecida, metade apreciada, metade conhecida. Chega de ser metade comida em meios horários e meio amada em histórias pela metade. 
Chega de sorrir para o que não me contenta e me cobrar paciência com um profundo respiro de indignação. Paciência é dom de amor aquietado, pobre, pela metade. Calma, raciocínio e estratégia são dons de amor que pára para racionalizar. Amor que é amor não pára, não tem intervalo, atropela. 
Não caio na mesma vala de quem empurra a vida porque ela me empurra. Ela faz com que eu me jogue em cima de você, nem que seja para te espantar. 
Melhor te ver correndo pra longe do que empacado em minha vida.

Tati Bernardi

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Mentiras



Acordei de um sonho. Uma grande mentira, inventada não sei como, vivida não sei por que. Mas vivi inteiramente plena, como se fosse realmente verdade, até porque não sabia, até certo dia, que era falsidade, farsa, uma história não-real que não existia. Vivo hoje um estado de sentimentos misturados numa dose de tequila, vejo tristeza, mágoa, dor, sofrimento, decepção, amor, vontade, desejo, alegria, tudo, um pouco de tudo e muito mais de falta. Nunca, num dia nublado ou de muito sol, encontrei um homem decente que eu possa chamar de meu. Sempre vem com um fim trágico onde mostram as caras. O que há de errado nesse mundo? As pessoas não existem mais, são seres medíocres que andam pelo mundo a procura de prazer por algo que não é amor. Às vezes me pego perguntando se eu deveria permanecer sensível e amando o amor, se ele não me diz nada nem me traz nada que não seja dor. De que adianta? Viver em função de algo, se esse algo só faz te apunhalar pelas costas, ou até mesmo pela frente? Não vejo mais motivos para confiar nas pessoas, ou para amá-las, ou para lutar por elas. Simplesmente me parece inútil ter fé numa humanidade tão desumana. É com pena que digo que eu vou continuar tendo esperança, e um dia vou encontrar alguém de verdade que não viva uma mentira.