sábado, 22 de janeiro de 2011

Falta

Sim, eu sinto sua falta. Da tua diversão ser minha, porque era eu que fazia você se divertir. Das tuas gargalhadas, já que eu era motivo de maioria delas e podia desfrutar deste som gutural que resplandecia tua alegria. Dos teus olhares, que me buscavam em qualquer lugar, momento e cor. Das tuas mãos, que buscavam meu corpo a procura de prazer e paz, conforto e descanso, pois eu era o teu repouso, o teu porto, onde tu guardavas teus segredos, senão todos, os suficientes. Do teu corpo, todo, desde a pontinha do dedão do pé até o último fio de teus cabelos, que me acolhiam em qualquer que seja os meus momentos. Sinto falta de cada detalhe, de como você me irritava sem nem fazer ideia do que tinha me magoado, de como me fazia rir de tudo por tudo com você. Mas eu sinto tanto, tanto a sua falta, pois é só o que me resta sentir. Não posso mais te amar e nem esperar que um dia possamos ficar juntos novamente. Não posso depositar esperanças numa história que definitivamente foi proibida de acontecer ou de continuar acontecendo. Não posso sequer lembrar, pensar, ou sentir. Mas a saudade e a falta eu não poderia deixar, desde que você se foi olhando pra trás. Não poderia deixar de sentir esse aperto no coração quando me lembro de tua voz aos meus ouvidos, sussurrando calmamente o quanto me amava e o quanto eu era linda aos seus olhos. Ou até mesmo dessa tua paciência infindável que teve fim mas logo voltou, a qual eu tanto invejei e a desperdicei te irritando, só pra provar que você não era tão paciente assim e que eu podia ser louca como for, mas nós dispúnhamos da mesma falta, falta de paciência, pelo menos um com o outro, ou quando eu abusei tanto que você estourou e me empurrou com força, mas eu corri e te apertei com força junto ao meu peito porque você não podia me deixar sozinha vendo o mundo girar. Não podia. Mas fez. Olhou-me distante e me deixou. Então voltou, como sempre fazíamos um com o outro. Eu cometendo os meus erros, você indo e vindo. Você cometendo os seus tão bem escondidos e disfarçados que eu só podia sofrer de culpa e remorso. Mas eu sinto falta de não saber de nada disso e só te amar e ver teu sorriso quando eu fazia algo indecente dizendo que te amava. Você amava minha beleza e meu jeito eloquente, minha inteligência e minha paixão por leitura. Enquanto eu amava esse teu sorriso enorme e o jeito o qual você me tratava, tão único, tão diferente de tudo o que eu tinha provado que nem me dei conta do que tu escondias sob cada gesto. Mas eu amava, e continuei amando sem poder deixar de fazê-lo. Porque eu sinto sua falta, eu senti desde o momento em que você disse que era melhor para nós dois, mas não foi, e voltou. Depois eu tive que ir. Fui embora porque você me abandonou primeiro. Mas eu ia ficar, eu juro que eu ia voltar. Mas não pude, fui proibida como você também foi. Nosso romance, nossa história tão curta e tão grande, foi cortada e deixada com suas reticências, enquanto nós tentamos continuar, cada um no seu canto, buscando seus sorrisos, seus divertimentos, e sua forma de esquecer. Mas, claro, sem esquecer e deixar de sentir a falta. Inevitável. Como eu e você separados, inevitável…

2 comentários:

  1. Isso era para ser som e não escrita, presente e não passado, paixão e não arrependimento.

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  2. Era pra ser. Mas não foi, não é. Não significa que não possa ser, com outra pessoa, num outro momento, distante ou não, talvez. Sem arrependimentos, não posso me permitir arrepender de tão boas e doces lembranças, não posso me arrepender de nada.

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