sexta-feira, 15 de abril de 2011

"Não perca tempo assim contando história, pra que forçar tanto a memória pra dizer que a triste hora do fim se faz notória, e construir a trajetória é retroceder. Não há no mundo lei que possa condenar alguém que a um outro alguém deixou de amar. Eu já me preparei, parei para pensar e vi que é bem melhor não perguntar. Por que é que tem que ser assim? Ninguém jamais pôde mudar, recebe menos quem mais tem pra dar. E agora queira dar licença que eu já vou, deixa assim, por favor. Não ligue se acaso o meu pranto rolar, tudo bem, me deseje só felicidade, vamos manter a amizade, mas não me queira só por pena, nem me crie mais problemas."


terça-feira, 12 de abril de 2011

Você

Você poderia deixar meu coração em paz por um minutinho que for? Não pode me deixar pensar em qualquer outra coisa que não seja você e essa sua mania de me enlouquecer? Peço, até imploro, por menos loucura, menos batidas frenéticas de um coração amador. Preciso de um tempo pra mim. Preciso não pensar em ninguém e achar isso a coisa mais linda do mundo. Mas, por mais que eu precise dessas coisas frívolas e boas, preciso um pouco mais de você. Por maior que seja qualquer sentimento meu, você está um pouco a frente. Fazendo com que qualquer outro desejo seja senão esquecido mas superado, de tal forma que tudo está se voltando pra você e aos meus quase sonhos loucos. "É você, só você".

O outro

É incrível como uma pessoa pode perturbar tanto a vida de alguém. De vez em quando, até mesmo raramente, me peguei pensando nele, tendo aquela curiosidade de como seria tê-lo em minha vida novamente. Hoje eu tenho pensado mais, porque estou amando alguém que o lembra tanto que eu fico louca. E amá-lo parece até errado, pois parece como uma substituição da loucura pela calma, mas com vestígios significativos de um em outro. Estou farta dos meus amores. Quero olhar pra esse alguém sem ter que pensar em mais ninguém, porque ele não vai simplesmente me lembrar ninguém que não seja ele mesmo. Ainda assim, eu quero ver aquele que me perturba, chegar perto o suficiente para poder saber se meu corpo responderia ao dele, se ainda haveria desejo, se eu seria capaz de esquecer por um minuto aquele que hoje amo por causa de alguém que amei e mesmo no passado continua se fazendo presente dentro de mim.

terça-feira, 5 de abril de 2011


"Você vai me abandonar e eu nada posso fazer para impedir. Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto."

Caio Fernando de Abreu

Meu novo amor

Não entendo completamente o que difere em mim dessa vez, que me faz me abrir dessa forma com você. Pois por mais que eu tenha amado antes, acredito que não tenha tido a decência e intimidade suficiente pra me expor assim, mostrar meus medos, traumas e segredos, falar, expressar em palavras dores antigas, nunca  havia sido capaz de tal. E você me desperta essa vontade. Desperta o anseio de precisar falar da minha vida, de mostrar como eu sou tola e fraca, mesmo que num futuro não muito distante você venha a me deixar e maldizer o meu nome, eu preciso falar. Não sei o que você tem que me faz mostrar tudo, inclusive nada. De tal forma que esconder meus defeitos perdeu a importância, não entendo mais porque o fiz, se é só o que enxergam, é só o que procuram ver e quando não vêem, inventam. Agora, mais do que nunca, eu sou eu, eu sou eu mesma com pacote completo, pra você. Toma meu colo, meu amor, faz dele tua morada. Aproveita e quando vir da próxima vez traz um café preto bem quente e um chocolate amargo. O café pra esquentar. O chocolate pra amargar um pouquinho essa vida tão doce que soubemos fazer. Promete, amor, promete que vai brigar comigo um pouquinho, pra eu poder me lembrar do mal que às vezes te faço. E nesse mal, eu prometo te fazer bem às vezes também. Cuidar de você. Prometo que quando você precisar chorar eu te entrego meu ombro - o corpo todo se preciso - pra você fazer dele o que quiser. E ainda haveremos de chorar juntos por mais momentos, e rirmos juntos por mais tempo, e amarmos juntos por longos anos. Haveremos de sofrer, de amar, de nos doer, e de sermos felizes, como o casal mais lindo e sombrio do mundo.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Por favor

 Estou naqueles dias em que qualquer coisinha é motivo de preocupação. Qualquer ausência, falta de mensagem, de dizer: "oi, eu to aqui e te amo". To numa angústia estranha, meu corpo todo responde a esse pressentimento ruim, minha mente trabalha arduamente na tentativa de mostrar o que está errado. E eu olho pros lados e pergunto: "O quê? O que foi? O que é dessa vez?". To observando as ações alheias, o modo como tanta gente tem de se importar com uma única vida, uma vida que é tão insignificante na vida deles, e me pergunto mais uma vez entre tantas outras por que isso, porque tamanha vontade em julgar, em determinar que não presto. Não presto mesmo, não valho o chão que piso. Mas quem determina isso sou eu, certo? Ninguém pode determinar quem é quem se não conhecer, se não tiver bons motivos pra isso. Então, deixem-me em paz. Eu não me importo, me incomodo, to cansada de ser motivo de fofoca. Eu cuido da minha vida do jeito que eu quiser, e se amo aqueles que também amas, deixe que eu lide com esse amor da minha maneira, ta bom? Se não te fez bem, não quer dizer que não vai fazer bem a mim ou a esses. Eu sei com o que estou lidando. Vai dar tudo certo, e se não der, eu sei sofrer direitinho, tão bem que assombra. Então, por favor, psiu, fique quietinha, longe de mim, deixem-me viver minha vida com as escolhas que eu decidir tomar, não se revoltem comigo, sou apenas uma pra causar tempestade em tantas vidas. Então vá com calma, eu não falo mal de você, não julgo você, nem determino quem você é, e se uma vez o fizer é porque você o fez. Oh, to com a consciência limpinha, brilhando. Só essa angústia, esse medo, sabe. Só não sei de que nem por que.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sorriso

As pessoas normalmente se encantam realmente pelo meu sorriso, é o que marca, é o que eu ouço falar quando vão lembrar de mim. Meu sorriso pra mim é comum e até sem graça. Ele pode ser bonito, ali na boca, mas ele não combina com os meus olhos. Eu possuo olheiras dos cansaços da vida, e tenho certa tristeza guardada no olhar, talvez seja isso que o torne diferente. Essa mistura de alegria com mágoa. Essa mistura que não sai de mim nem na base da porrada. Às vezes eu me dou bem com ele, acho-o atraente de certa forma, mas então eu presto atenção nos meus olhos e tudo perde a graça. Meus olhos acabam comigo quando sorrio abertamente. Quando é apenas aqueles de canto de boca, sem enrugar nenhum traço do meu rosto, eu gosto dos meus olhos e da combinação, eles dizem o que eu gostaria de dizer, e a interpretação desse olhar cabe a qualquer um desvendar. E o pior de tudo é a mania que eu tenho de sorrir quando estou prestes a chorar, só pra ver se eu consigo enganar a mim mesma e mostrar que eu não preciso derramar lágrimas pois vão rir de mim. Meu rosto não é bonito de se ver, de se admirar, eu sorrio olhando para o espelho e logo desisto, eu choro e me arrependo, eu só olho e tenho raiva. Eu queria saber o que as pessoas pensam quando me veem. Eu queria saber o que me fez acreditar que dessa vez seria fácil, que eu iria sorrir e adorar isso.