sexta-feira, 18 de junho de 2010

Crônica :x

Crianças de rua, não mais crianças

Um dia, ao observar as pessoas na rua, as crianças "de rua", eu resolvi pesquisar. E me perguntaram: pesquisar o quê? Sobre o quê? Por quê? Porque, respondi, são crianças, seres humanos, pessoas que têm sentimentos e merecem viver como outra qualquer do planeta, mas por serem marginalizadas, por vocês mesmos, desta sociedade injusta, parecem ser de outro planeta - será que são de marte?, são desrespeitadas e ridicularizadas por pessoas de mesma raça, senão de mesma cor, mas de mesmos direitos, é isso, isso que me aborrece e entristece, e prejudica ainda mais nossa nação, são seres medíocres aqueles que os julgam e os fazem dessa forma, isso é um absurdo. Ao ver a surpresa nos olhos daqueles que me ouviram, vi que estava indo pelo caminho certo, atacando de frente aqueles que me subestimaram.

Andando e observando, eu vi uma criança magrinha, magrinha, lá pelos 7 anos de idade, no semáforo, vendendo comida - eis a questão: será que quem vende tem o que comer e vice-versa?... O que vi nos rostos daqueles que estavam em seus carros, foi desprezo, raiva, atitude de animais, cachorros raivosos, pessoas sem compaixão ou humildade. Fiquei parada ali por um bom tempo, apenas observando e anotando, e lá estava ele sentado na calçada, desamparado, comendo o que esteve tentando vender por não ter outra opção, desta feita apareceu um cachorro e o ofereceu o pouco que tinha, fiquei estupefata com a veracidade dos fatos decorrentes desta tarde; um ser tão pequeno sendo humilhado por pessoas tão pequenas de espírito e mesmo assim dando o pouco que tem, compartilhando, amando, e tendo esperança de um dia melhor. Não mais o tempo passa, uma família unida, mãe e filha, passam juntas poor ali, brincando e sorrindo, mostrando tamanho amor e afeto que distraia qualquer pessoa, e aquela criança que tanto precisou e tanto pediu por um pouco disso olhou-as com tristeza, com esperança e falta, não esqueceendo que a falta é a morte da esperança.

Por fim, optou por sua última escolha - já que não havia outra: roubar. Os transeuntes passavam e o encaravam de cara feia, olhar repulsivo, então ele os roubou, e por destino ou coincidência - o que lhes convir melhor, era o mesmo que antes vendia. Ele correu, e eu corri atrás, disfarçadamente, para ver que estava tentando vendê-los novamente, como um círculo vicioso, onde tudo é feito de acordo com a rejeição ou aceitação daqueles que o rodeiam.

Encerrando minha pesquisa, fiz uma breve anotação ao final: "Não podemos exigir compreensão destes pequenos, se não os compreendemos, não podemos exigir respeito se não os respeitamos", não podemos exigir nada além do que nós os fazemos passar.

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